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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Amor que não se mede

Manhã de um dia qualquer de outubro de 2001. Eu tinha 10 anos. Ela carregava um envelope na mão e disse que precisava dar uma notícia. Imaginei mil coisas. Curiosidade. Ele nasceria em junho do próximo ano. Alegria e choque ao mesmo tempo. Depois de muito tempo eu já havia desistido de não ser filha única. Minhas esperanças já tinham acabado, já estava conformada. Mas aquela notícia me deixou feliz, muito feliz. E com ciúmes também. O tempo passou, a barriga cresceu, assim como o meu amor por aquela criança. Copa de 2002 acontecendo, e nós no hospital. Esperávamos a chegada dele. Fazia frio, muito frio, até que ele foi acolhido no calor da família.
Acompanhar uma criança crescer é indescritível. Acolher nos braços, alimentar. Ver o primeiro sorriso, a primeira vez que fica sentado. Presenciar a primeira palavra, que você mesmo incentivou a sair daquela pequena boca. Os primeiros passos. As brincadeiras e risadas. Ajudar a escrever o próprio nome, e depois de pouco tempo auxiliar na construção de histórias.
Quase onze anos separam eu e meu irmão, mas e daí? Inúmeras vezes as pessoas falavam comigo como se ele fosse meu filho. De certa forma elas não estavam erradas. Nós brigamos, discutimos, ele diz que não gosta de mim, que não me ama. Eu brigo com ele, coloco de castigo. Mas depois tudo passa e voltamos a rolar no chão contando histórias, sonhando. Ele é meu orgulho. Confesso que fico irritada, pra não dizer com ciúmes, quando a mãe ou o pai começam a contar as façanhas dele por aí. Quando contam o quão bom ele é em matemática, apenas com 8 anos. Na verdade essa facilidade com os números já existe há uns três anos. Apesar do ciúme, quando eu conto as histórias dele, me encho de orgulho. E apesar da nossa grande diferença de idade, nós conversamos e palpitamos. Ele diz por exemplo, que tal roupa está bem ou não em mim. Que o esmalte vermelho combina mais comigo. Me conta o que fez na escola, o que assistiu no desenho e também o nível em que está nos joguinhos do video game. Temos uma relação de cumplicidade, de amor, de irmandade. E meus pais que me perdoem, mas se existe alguém por quem eu daria a vida, com certeza seria por ele. 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Honestidade

O assunto surgiu em meio a uma conversa qualquer. Se você achassasse uma carteira, ou uma quantia significativa de dinheiro, o que faria? Ouvi com atenção a resposta das pessoas. Todos, sem exceção, disseram que não devolveriam o dinheiro, ou que ficariam com um pouco e devolveriam a outra parte. Algaram que diriam "Foi só isso que eu encontrei". Pra finalizar, comentaram que achavam um absurdo a pessoa "idiota" que devolve o que encontrou não receber uma recompensa, um bônus, ou seja lá o que for. Depois dessas, preferi ficar calada. Mas preciso desabafar aqui. Sabem o que eu acho um absurdo? As pessoas serem homenageadas, receberem medalhas e honrarias, por terem cumprido com o seu papel de cidadão honesto. Não é raro ver na televisão crianças, homens e mulheres serem colocados em um pedestal porque fizeram aquilo que era o certo. Em que mundo vivemos afinal, onde um ser humano se torna heroi pelo simples fato de devolver ao dono o que lhe é de direito. Não me conformo. Depois desse discurso, é óbvio que eu não ficaria com nada que não é meu. Chamem de careta, burra, idiota, o que quiserm. Mas eu sei que a noite, quando eu colocase a cabeça no traveisseiro, eu dormiria tranquila.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Essenciais

Amigo adj. 1. que é ligado a outrem por laços de amizade. 2. V. Amigável. sm. 3. Homem amigo (1). 4. Companheiro; protetor.


Amizade sf. Sentimento fiel de afeição, apreço, estima ou ternura entre as pessoas.



É interessante e complexa a relação entre amigos. Por outro lado comum e compreensível. É complexa porque nunca sabemos quando uma amizade pode começar nem porque ela começa. Sempre tive muitos amigos, mas muitas vezes acreditei não ter nenhum. Estava enganada, ufa. Tem uma galera aí que eu sei que posso contar. É difícil definir o que é amigo, o que é amizade. Pra mim eles são divididos em tipos, categorias, ou qualquer coisa do tipo. Tem aqueles amigos de festa. Jantas, baladas, saídas. Dançar, beber, rir, beijar, comentar, ajudar. Companheirismo, cumplicidade, segredos. São amigos, mas fora das festas o diálogo não passa de “Oi, tudo bem?”, e nem temos tempo de responder, porque já estamos do outro lado da rua. E os amigos de escola? Que não tem? Durante muitos anos, intermináveis anos, eles estavam lá, toda manhã. Era pra casa deles que nós íamos, era com eles que compartilhávamos segredos. Diversão, micos, estudo, aprendizado, cumplicidade, companheirismo, farras, bagunças. Compartilhar. Compartilhar conhecimento, problemas, alegrias, tristezas, incertezas, medos, vitórias. No entanto o tempo passa, o ensino fundamental termina, o ensino médio termina, e todos se afastam. Eventualmente se esbarram na rua, trocam algumas palavras, relembram os velhos tempos, e dizem que estão felizes por ver um o outro. Claro que com alguns é diferente, mas se é diferente, é porque não eram simples amigos de escola. Aí vem a faculdade e se misturam os amigos de festa com os de escola. Matar aula, rir, beber, sair, festa, trabalhos, madrugadas, tardes, noites, manhãs. Companheirismo, cumplicidade, solidariedade,conselhos, aceitação, brincadeiras, diversão, seriedade, paciência, estresse, explosão. Superficialidade. Sempre há exceções, que fique claro. E os amigos de infância? Ahh, os amigos de infância. Eles fizeram parte da parte mais inocente da nossa vida. Brincadeiras, sonhos, inocência, cumplicidade, companheirismo. Pena que a maioria deles fica lá, nessa parte da nossa vida. Alguns. Porque outros crescem conosco, e acabam por fazer parte de um dos outros “grupos” dos quais já falei. Porém existe aquele amigo de infância, que tu perde o contato, mora longe. E quando nos falamos, é como se ele morasse do lado da nossa casa. É como se conversássemos todos os dias, sobre tudo. E depois dizem que é fácil definir uma amizade. Ainda existem aqueles com quem o contato foi breve, rápido, mas que se tornaram os melhores amigos. Uma relação inexplicável, quase incompreensível. Quase não, incompreensível mesmo. Agilidade, instantaneidade, afeto, sonhos, compreensão, cumplicidade, companheirismo, risos, piadas, choros. Alegrias, tristezas, inseguranças, medos, fobias. Amores, decepções, desabafos. Farras, comemorações, “leseiras”, inutilidades. Brigas, discórdias, puxões de orelha, conselhos. Enfim, amizade.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Quem tem medo da câmera?

Na nossa primeira aula de telejornlismo, a professora Fabiana perguntou quem estava com medo das aulas, da disciplina como um todo. Vocês lembram? Poucos se acusaram. Mas vamos confessar, todos nós ficamos nervosos na gravação do primeiro boletim. Depois veio a nota coberta e a gravação do off, que foi bem mais tranquila Por fim tivemos a experiência da produção de um tele de cinco minutos. Nosso primeiro tele, todo nosso. Era um tal de definir pauta, marcar com os entrevistados, desmarcar, marcar mais uma vez. Gravar as sonoras, fazer os off's, editar, preencher scripts e espelho, e a gravação da apresentação. Ufa! Deu tudo certo e foi bastante gratifcante. As câmeras e microfones não assustam mais e a bancada está mais próxima. Sim, estamos preparados. Podemos fazer Produção em Tele I. Sem dúvida esse foi um semestre rico em aprendizado, e é isso que nos motva a ir para a Unisc. Faça chuva ou faça sol, estaremos lá. Porque sabemos que vale a pena.

Escrito originalmente dia 25 de junho de 2010 para o blog Telejornalismoempauta

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quase inacreditável

Quem conhece a Vanessa e fica sabendo dessa história, não acredita nela. Não precisa conhecer muito, só ter trocado algumas palavras talvez. Nos surpreendemos com as atitudes das pessoas. Quando eu soube de tudo, acho que ela me contou tudo, chamei ela de louca, irresponsável. Era o mínimo. A Nessa ria e dizia que eu tinha razão. Aquilo havia sido uma tremenda falta de juízo, ela afirmava. Mas com um sorriso nos lábios, ela agradecia por pelo menos uma vez na vida não ter sido responsável, por não ter pensado no perigo, na locura. Sim. Ela estava muito feliz por o que tinha acontecido. Definitivament estava feliz. Eu continuo achando, ou melhor, tendo certeza, de que a Nessa que eu conhecia não faria aquilo. Não ela que sempre foi um pouco tímida e medrosa, e sempre tinha medo de um novo desafio