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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Exemplos



Estava assistindo no Globo Repórter uma reportagem sobre idosos, e todo o espaço que eles vem conquistando. Mostraram os com mais de cem anos, os que estão aprendendo a ler, os modelos, e outras coisitas. Lembrei dos meus avôs. Domingo passado, no sítio, o S. Manoel Antônio se apresenta em pernas de pau. Sim, meu avô com quase oitenta anos, 78, pare ser mais exata, andando em pernas de pau que ele mesmo tinha feito. Não eram altas claro, e tinham onde se segurar, mas mesmo assim ele foi o único que conseguiu se equilibrar em cima daquilo. E ainda fazia graça, dizia: "olha, dá até pra dá uma sambadinha", esnobando os mais novosna sua performance. Já meu outro avô, completa 95 anos na segunda. Há mais de 90 anos morando e trabalhando na mesma estância. Como diria ele, “Eu tenho um tipo de temperamento que não admite parar muito. Eu fico nervoso se não tiver em atividade”. E assim é o S. Luiz, um homem que sempre foi do campo, que não aprendeu a ler nem a escrever, mas que com certeza se expressa melhor que muito acadêmico. Em uma entrevista, em 2005, ele disse que tinha um ditado que dizia "nem tudo que se faz é escrevendo, e nem tudo que se aprende é lendo".
Esses dois homens são exemplos de vida pra mim, ouvir as histórias e a perspectiva de tempo que eles têm, me encantam. Outro dia, o vô Luiz falava sobre uns cavalos, minha tia falou o nome de um, e ele disse: "Não minha filha, esse é bem recente, faz uns cinquenta anos, o que eu tô falando é um cavalo que tinha lá logo que fui morar". Realmente, pra alguém que nasceu em 1915, cinquenta anos atrás, não é tanto tempo.