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sábado, 29 de outubro de 2011

#Valentin6

Valentin: Vocês já perceberam? Enquanto as pessoas namoram, tá tudo bem. Depois elas casam é dá tudo errado, é só briga.
Mãe: Claro, quando vocês, homens, não nos obedecem, a gente briga mesmo. Por que a mulher é que manda em casa.
Valentin: Se minha mulher quiser mandar em mim, eu me separo dela. Eu vou ser rico e quem vai se dar mal vai ser ela.
Eu: Não. Tu vai te dar mal. Por que ela vai ficar com a metade de tudo o que é teu. E se tu quer mesmo ter 9 filhos, daí é que tu fica sem nada mesmo.
Valentin: Então eu não me caso e não tenho filhos.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

#Valentin5

Pérola do dia:

Ele:"A mulher sempre estraga tudo. Tanto na nossa história quanto na mitologia grega".

Silêncio.

Ele:"Claro, a Eva foi lá, mordeu a maçã e puuff, ela e Adão foram expulsos do paraíso. Que trágico".

Eu pergunto: "E na mitologia Grega?"

Ele:"A Pandora abriu a caixa que guardava todos os males da humanidade. Zeus tinha dito para ela não abrir. Antes o homem não morria, e começou a ter doenças de todos os tipos. Antes tudo vivia em paz..."

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

#Valentin4

Família reunida em plena quarta-feira para almoçar é algo bem raro aqui em casa. Estávamos felizes, conversando, quando ouvimos:

"A confiança é vital para vencer. Pesquisadores comprovaram isso, fazendo uma competição de queda de braço. Eles disseram para os competidores que os mais fortes eram os mais fracos.  Em 10 das 12 competições os mais fracos venceram.  O medo atrapalha você quando você quer fazer uma coisa. Mas ele pode te ajudar a ficar mais forte, mais rápido e a pular mais alto." 



domingo, 21 de agosto de 2011

Edição especial do Jornal Unicom

Início de julho e e os acadêmicos pensam: "Ufa, praticamente um mês sem se preocupar com Unisc e afins". Pois é. Nós do Núcleo de Jornalismo da Agência Experimental A4, também pensamos assim. Mas as coisas foram bem diferentes. Ocupamos nossas férias com uma edição especial do Jornal Unicom, bem conhecido pelo curso de comunicação social da Unisc. Essa edição se refere à 24ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Foram correções e mais correções. Antes disso, idas a Santa Cruz abaixo de chuva, sol ou frio. Sem contar as vezes que "demos com a cara na porta". Mas é como dizem, faz parte. Se valeu a pena? Confere a edição e descobre a resposta.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O sorriso com covinhas

"Palavras não dizem o que o meu coração gostaria de falar"
(Menina das covinhas no sorriso, 2008)


Não lembro do primeiro dia em que eu vi aquele sorriso com aquelas covinhas. Mas lembro do último dia que o vi, o que não significa que não o verei mais.
A menina das covinhas chegou na minha vida há muitos anos e eu sempre jurei que ela nunca sairia. Lembro de momentos triviais que vivi com ela. Lembro dela chorar em meu ombro tantas outras. No entanto, a grande maioria dos momentos foram de riso. Aquele riso que só ela tem. Aquelas crises de riso que só ela NUNCA consegue controlar.
Quando crianças, brincamos juntas. Esses dias, ainda assisti um DVD com minhas festas de aniversário e, depois de um determinado ano, ela sempre estava lá. Brincamos de boneca, contra a vontade dela, que nunca gostou muito. Estudamos. Nos tornamos adolescentes. E nesse período veio a inevitável aborrescência. Mas aquele sorriso com covinhas, sempre estava do meu lado.
Chegou aquele dia da despedida, as pessoas se abraçavam e diziam não acreditar que não se veriam mais. E eu pensava: "Nunca vou deixar de ver o sorriso com covinhas". O que de fato aconteceu. A frequência não é mesma de alguns anos atrás, a afinidade pode ter mudado um pouco, e nós mudamos também. O sorriso? Esse continua o mesmo, e quando o vejo, percebo que nada mudou.

sábado, 23 de julho de 2011

Aos meus amigos

Sei que estou um pouco atrasada, mas essa é uma homenagem aos meus queridos e verdadeiros amigos. Embora as palavras de Saint-Exupéry sirvam muito bem para falar dessa relação tão incrível que é a amizade, o texto abaixo foi extraído da minha atual leitura, Minha fama de mau, do Erasmo Carlos. Logo que li, pensei em vocês, amigos.

""És responsável pelo que cativas", aprendi lendo  Saint-Exupéry. [...] somos responsáveis pela nossa amizade, que não tem nada de fingimento ou marketing. Existe realmente, forte como uma rocha. Para alguns, pode parecer que é feita de isopor, como aquelas grandes pedras que nos filmes caem sobre as pessoas sem machucá-las, mas na verdade se fundamenta em sentimentos sinceros e na predisposição de nos aceitarmos como somos, jamais tentando mudar o outro. Absorvemos as transformações de cada um, sem a obrigação castrante de adotá-las. Para quem o bem de nossas personalidades, que embora parecidas, são completamente diferentes [...]. Não nos cobramos nada porque temos certeza de que nos damos tudo. [...]Brigas nem pensar, apesar de sempre estarem inventando algumas." (CARLOS, Erasmo. 2009.)

sábado, 9 de julho de 2011

#Valentin3

O meu futuro cientista perguntou se um dias as pessoas iriam flutuar. Brinquei, disse que flutuar era impossível, mas que em vez de usarmos carros, como hoje, usaríamos aviões. Ele sabia que era ironia minha. Mas, para minha surpresa (nem sei porque eu ainda me surpreendo), ele disse que quando ele for cientista, ele vai inventar "uma navezinha" que fará as pessoas flutuarem. Essa 'nave', segundo ele, terá um imã na parte inferior e outro na superior. A pessoa que for usá-la usará uma roupa de metal, para assim, atrair a nave, que irá levar a pessoa para onde ela quiser.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

#Valentin2

Uma tarde fria de inverno sem ter o que fazer. Eu e me querido irmãozinho sentamos perto da lareira e fomos joga, pela primeira vez, um jogo que ele ganhou de aniversário, o 'Responde se puder'. Eis que chega a minha vez de escolher um dos temas do tabuleiro. Escolhi personagens históricos, pensando "ele nunca vai me ganhar nesse". Girei a roleta. Um personagem histórico com a letra B. Vejamos..."Benjamin Franklin", disse o Valentin. ao ver minha expressão de espanto com a resposta, ele deve ter imaginado que eu não soubesse de quem se tratava e completou: "Aii, Vanessa, é o criador dos óculos bifocais...".

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Muito mais que uma pauta

Ansiedade. Curiosidade. Pontualidade. Na hora marcada toquei a campainha do apartamento e ela me esperava. O marido e as crianças, ainda não estavam. Sentamos, liguei o gravador e peguei o roteiro com as perguntas. O roteiro foi em vão. Tínhamos muitas experiências em comum e a entrevista acabou sendo isso: uma troca de experiências. O marido e as crianças chegaram e eu conversei com eles, me sentindo cada vez menos sozinha nessa sociedade cheia de estereótipos. Eu fazia perguntas e respondia à elas também. Mas aí veio uma pergunta, que está registrada no áudio capturado pelo gravador, que me fez refletir. Eu deveria responder com sim ou não. Disse não, porém fiquei na dúvida. Isso nem precisava ter sido gravado, porque eu nunca mais vou esquecer. Nunca mais.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Doce Companhia

Não, esse post não é sobre o livro da Laura Restrepo. Mas sim sobre a parte mais importante, e marcante, da viagem à Londrina, no Paraná, há uma semana.
Sabe quando tudo parece dar errado? Problemas com as passagens, a falta de roupas adequadas para o clima da cidade, a longa distância de um lugar a outro, a falta de calçadas, a localização do hotel, a terra, as buzinas, os horários, a falta de organização do evento, a oficina que não era uma oficina, a falta de conhecimento geográfico sobre o lugar, a falta de... tudo! E agora, quando paro para pensar, a viagem foi ótima, mas foi ótima, porque eu tinha duas amigas incríveis comigo, que fizeram com que tudo fosse muito divertido, e também pelas outras companhias de congresso e viagem, que tiveram presença igualmente fundamental. Além disso, um desejado reencontro.
Não tem como esquecer as tentativas frustradas de pegar um ônibus até o centro, no primeiro dia. Ou o calor que passamos; a espera no calçadão; o reencontro com a Natália; as apresentações dos trabalhos da Unisc, que deixaram a banca sem palavras; o passeio no shopping com o profê; o aniversário da Daia, e todas as suas pérolas; a surpresa com a premiação, o relógio despertando às 3:00 AM para voltarmos para casa; e o nascer de sol mais lindo que já vimos; e todo o resto que está nas entrelinhas. HAHA
Com certeza, uma viagem inesquecível, com as melhores companhias.


Destino

Tínhamos certeza de que aquele dia 19 de novembro de 2008 seria o último, embora o desejo do reencontro fosse imenso. Mas o tempo passou, alguns contatos se perderam, outros ficaram escassos, porém, felizmente, alguns ganharam dimensões inimagináveis. Eis que o destino, ano passado, "coloca" uma oportunidade de viagem, oferecida pela faculdade, e o destino não poderia ser outro. Primeiro reencontro.
e quando tudo parecia mais uma vez difícil, uma amiga vai estudar e morar em outra cidade. Fui visitá-la, passar um final de semana e, voalá, segundo reencontro.
A esperança aumenta, claro. E com ela planos de rever mais pessoas. Alguns roteiros imaginados, sem previsão de execução.
E o 1º semestre de 2011 começa, e com ele a vontade de participar do Intercom Sul, em Londrina, Paraná. Um estado que não estava no roteiro. Mas pera aí, é lá que mora aquela suposta irmã perdida, que dividiu o quarto comigo, que passava horas cantando, e que era a pessoa que eu tinha mais vontade de rever quando voltamos de SP. É, a menina do céu. Procurei o número de celular dela, perdido em algum lugar, pra ver se ela ainda morava em Londrina.
Contato feito. Surpresa com a empolgação da resposta. Tudo certo. E assim, como em 2010, em 2011, maio trouxe uma ótima surpresa. Terceiro reencontro.
                         

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Era uma casa...

Sabia que precisava ir lá, mas as coisas estão bem diferentes. Mesmo assim, ela sentia uma certa obrigação, um compromisso, de fazer pelo menos uma visita. Respirou fundo e telefonou pra ver se tinha alguém em casa. Minutos depois estava lá.
Ela ia lá toda a semana. Sentia-se tão à vontade como se estivesse em casa e é lá que está boa parte das lembranças. Mas as coisas estão bem diferentes. Aquele lugar, que fora cenário de tanta diversão, agora parecia estranho. Apesar do tempo ter passado, tudo estava no mesmo lugar, como ela bem lembrava. Quando entrou na porta, aquele conforto e aconchego deram lugar para a estranheza. A intimidade das incansáveis conversas foram substituídas pelo silêncio, que era quebrado por algumas perguntas impessoais. E não era só isso. Ela tinha a sensação que a outra iria entrar pela porta a qualquer momento. Ia chegar com uma calça preta, um casaco laranja, o cabelo preso de qualquer jeito e usando chinelos e meias. Iria sentar, tomar um chimarrão, falar qualquer coisa e voltaria pra casa, porque precisava lavar a louça ou fazer uma sobremesa. No entanto, era só uma sensação, isso não ia acontecer.
A conversa foi tomando outros rumos, e por vezes teve vontade de chorar. Em outros, teve a certeza de que nada havia mudado, ou pelo menos, que tudo poderia voltar a ser como era antes. Mas isso, ah...isso só o tempo irá dizer.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

#Valentin

Tentem resolver o desafio abaixo:


Cinco compradores foram a uma floricultura adquirir rosas para decorar a festa de formatura. Siga as dicas e identifique os compradores e a quantidade que cada um comprou.
1-  Tobias que não usa bigode e nem chapéu, comprou 1 unidade de milhar e 5 centenas a menos que Timóteo.
2-  Timóteo, que usa bigode, mas não tem chapéu, comprou 2 unidades de milhar, 5 centenas e 5 dezenas de rosas.
3-  Pedro, que não tem bigode, mas usa chapéu, comprou 7 dezenas e 6 unidades a mais que Timóteo.
4-  Miguel, que tem bigode e chapéu, comprou 1 unidade de milhar, 2 dezenas e 5 unidades a menos que Timóteo.
5-  Evaristo, que é careca e usa óculos, comprou o dobro do valor mais 1 dezena e 5 unidades a mais que Timóteo.

O Valentin, do alto dos seus oito anos, acaba de resolver, em menos de 10 minutos. E sem fazer nenhuma anotação.

domingo, 1 de maio de 2011

Não precisava ser tão rápido

Há dias eu tenho pensado em amigos que se perderam no tempo. Não amigos quaisquer, mas melhores amigos. E lembrei de um texto, que dizem ser do Vinícius de Moraes, que eu reproduzo abaixo.

"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo... [...]
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...[...]".

Pois é, só não imaginei que isso fosse acontecer tão cedo. Sábado, estávamos todos lá. Os colegas da escola, aqueles melhores amigos, o pessoal das festas, das jantas, das conversas jogadas fora. Toda uma geração reunida, depois de muito tempo, para dizer um adeus a uma amiga.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Hoje vai ser uma festa♫

Não sou o tipo de pessoa que adora presentear amigos, porque eu nunca sei o que dar a eles. E também não faço o tipo "pessoa criativa". Mas, por ironia do destino, talvez, eu tenho vontade de presentear justamente aqueles amigos para quem é complicado entregar um presente. Aí entra a criatividade. Eu já falei aqui no blog, milhares de vezes, sobre os meus amigos que moram longe. A distância exige a nossa criatividade para que façamos supostas comemorações e etc, etc.
Hoje o membro mais novo do trio completa 19 aninhos (oh, que lindo...). É o terceiro aniversário que posso "celebrar" com ele. Nesses anos, já viramos a meia noite juntos no msn, já mandei scraps no orkut, depoimentos, e-mails, replys no twitter...Esse ano pensei em fazer alguma coisa diferente, ou não tão diferente assim...
Descrever o Zé não é muito fácil, mas falar sobre a nossa relação é facílimo.
Ele é uma das pessoas mais insistentes/persistentes que eu conheço. E esse conheço é um tanto quanto relativo, uma vez que nós não nos conhecemos pessoalmente. (Zé, não dá pra considerar o episódio da foto como "conhecer pessoalmente"). Se é um amigo virtual? De jeito nenhum! É muito mais amigo do que muitas pessoas que eu vejo diariamente. Afinal, falo dele como se o tivesse visto ontem na pizzaria enquanto eu percorria algum caminho trivial e constante, ele invade minha rotina.
Esse amigo nordestino é um conjunto de coisas (e viva a coisificação do mundo!): Kid Abelha, O pequeno princípe, Harry Potter, engenharia de produção, romantismo, filmes, seriados, músicas, crônicas, religião, dias nublados (aliás, ele nasceu no lugar errado, #fato), contabilidade (Rá), OLP,  responsabilidade, carisma, ira, organização, disquetes... Essa lista vai longe.
Nos chamamos de bebês e eu nem lembro mais porque. Segundo o Zé, é porque precisamos cuidar um do outro, o que de fato acontece. Essa pessoinha vive merecendo uns puxões de orelha, e eu também não fico para trás. É a ele que eu recorro quando preciso de colo ou quando necessito dividir minha alegria com alguém. E quando isso acontece eu me sinto tão bem...
Feliz aniversário, sucesso nesta vida universitária que inicia no próximo semestre. Guarda um pedaço de bolo pra mim, um dia eu busco.

Na verdade, tu que é o meu reflexo de felicidade.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Quase centenário

“Eu sou Luiz Antonio Sampaio de Oliveira, nascido em 1º de fevereiro de 1915, no interior do Rio Grande do Sul, chamado Maria Santa”.Assim se apresentou o meu avô, em 2005, em uma entrevista ao Bom Dia Brasil. Esse sonho, o de aparecer na televisão em rede nacional, ele alcançou. O outro, de festejar o centenário de vida, infelizmente não.

Quando eu olho pra trás, e tento lembrar do meu avô, vejo-o nitidamente em cima de um cavalo, abrindo o desfile da semana farroupilha, carregado a bandeira do Rio Grande do Sul. Lembro também, nas incontáveis despedidas de domingo, quando ele sempre perguntava: "Já arrumou? Escolhe bem, não pode ser qualquer um...". Lembro da minha festa de 15 anos, que mesmo que ele já tivesse alguma dificuldade de locomoção, dançou a valsa comigo, e foi aplaudido de pé. (vale ressaltar que eu não sabia dançar, mas que ele sempre foi um pé de valsa).

Sempre tive o maior orgulho de dizer a idade dele, 96 anos. Afinal, são poucas, pra não dizer raras, as pessoas que chegam nessa idade. Todo domingo era sagrado, íamos ver o vô que tinha vindo da estância, contra a vontade própria, para passar o final de semana na cidade. Mas de um ano pra cá, mais ou menos, ele não voltou mais para a estância que ele tanto amava. Apesar de ter um tipo "de temperamento que não admite parar muito", ele parou. O alzheimer veio chegando aos poucos, e uma pequena esquemia fez com que fosse necessária a fisioterapia nas pernas.

No último final de semana, em decorrência de pedras na vesícula, ele foi internado para uma cirurgia. Em resumo, em menos de 12 horas o senhor com 96 anos passou por duas cirurgias, e consequentemente, duas anestesias gerais. Passou bem, para a alegria da família e dos médicos, que ficaram admirados da força daquele coração. Mas as coisas mudaram. E ele partiu dois depois.

Pra mim ele foi um grande homem, apesar da baixa estatura. E um comentário, que ouvi no sepultamento, só vem a completar o que eu disse. "Cada pedaço dessa cidade, tem um pedaço do S. Luiz".

sábado, 26 de fevereiro de 2011

E se...

E se nós não tivéssemos nos mudado?
E se tivesse morado sempre na cidade?
E se eu ainda fizesse ballet, teatro, espanhol, artesanato?
E se, como meus pais queriam, eu tivesse mudado de escola?
E se eu tivesse trancado o inglês? Ou pior, e se eu nem tivesse feito?
E se eu tivese ido para os Estados Unidos?
E se eu tivesse feito outros amigos durante o ensino médio?
E se eu não tivesse escrito aquele texto?
E se eu tivesse sido classificada?
E se nós estivéssemos juntos até hoje?
E se eu tivesse optado por Engenharia Ambiental ou Psicologia?
Ou ainda, se eu tivesse mudado para Porto Alegre para fazer cursinho?
E se eu fosse filha única?
E se eu tivesse feito escolhas diferentes?
E se eu tivesse dito mais "sins" ou mais "nãos"?
E se eu tivesse sido menos paciênte e menos racional?
E se eu conseguisse agir por impulso, sem pensar duas vezes?
E se eu tivesse dito tudo o que eu sentia?
E se eu não tivesse entregado o papel para a moça?
Tudo seria muito diferente.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um dia qualquer


Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro. Carlos Drummond de Andrade

O sol que iluminava o dia lá fora foi encoberto pelas nuvens e o vento chega com força. Aqui dentro, estou sozinha e sem energia elétrica. Temos esse problema aqui em casa, qualquer manifestação do tempo resulta na falta de luz. Por falar em manifestação do tempo, começou a chover. Sem internet, sem TV, sem rádio e até sem sinal no celular. Fico isolada do resto do mundo, mas concentrada no meu. Olho a minha volta. Várias fotos pelo meu quarto. Quantas pessoas há nelas? Quantas histórias elas guardam? Algumas delas juraram amizade eterna, outras fizeram parte da minha infância ou de momentos inesquecíveis. Mas são poucas as que eu ainda tenho contato, as que eu sei que eu posso telefonar a qualquer hora do dia para rir ou chorar. Mas amanhã ou depois, essas pessoas podem ser substituídas por outras que aparecerão, e assim a vida segue. Olhando essas fotografias posso perceber como eu me apego as pessoas, ou melhor, a dificuldade que eu tenho em me desapegar delas. Lá fora ainda chove. Aqui dentro a energia ainda não voltou.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Para uma pessoa especial

Vivo buscando explicação para coisas sem explicação. Entre elas está a amizade com o Elson (RJ) e com o Zé (PE). Hoje de manhã, quando eu entrei no orkut, não acreditei no que eu vi. Busquei "mais informações" e vi que era tudo verdade, embora parecesse mentira.  No início era só mais uma mãe de um amigo, um amigo bem especial é verdade. Depois se tornou uma pessoa muito importante pra mim. Uma mulher que fazia tudo pela família, que sempre dava o ar da graça no Skype, com aquele sotaquezinho fluminense. Ela sempre aparecia na webcam para dar um alô, enquanto eu conversava com o filho dela. Com o tempo, eu fui percebendo o quanto eu também tinha me tornado especial para ela, tanto que, quando ela soube que eu iria para o Rio, fez questão que eu fosse visitá-la. Nunca vou esquecer da primeira vez que a vi. Aquele sorrisão enorme no rosto enquanto eu ainda subia as escadas. Para minha surpresa, além do sorriso, também tinham lágrimas no rosto dela. Lágrimas de emoção, pelo nosso encontro. Ela me recebeu com um forte abraço e dizendo que estava muito feliz por conhecer a amiga gaúcha do filho. Foram momentos breves, mas que eu levarei para sempre. Na hora da despedida, mais emoção e o desejo do reencontro. Infelizmente esse reencontro não vai acontecer. Infelizmente eu não vou mais ligar pra casa deles e ser atendida por ela. Não vou mais ver aquele rosto alegre pelo monitor do computador. Não vou mais ouvir ela me chamar de "norinha". E infelizmente eu e o Zé não podemos estar lá na Rio hoje, para dar um abraço bem forte no terceiro membro do trio de três. Mas eu sei que ele está recebendo toda a energia positiva que nós estamos enviando para ele. Sei também que ele pode sentir a nossa presença lá.

Sabem as explicações que eu disse que não existem? Pois é. Hoje eu procurei a explicação pela dor que eu senti pela perda de alguém que eu vi uma única vez, e que estava tão longe. Talvez se fosse alguém daqui de perto, com quem eu tenho mais convívio, não seria tão difícil. A explicação? Mais uma vez eu não encontrei.

A distância nunca atrapalhou a nossa forte amizade (minha, do Elson e do Zé), embora muitos por aqui não acreditem que ela seja tão forte assim. Mas hoje, excepcionalmente hoje, a distância atrapalha, faz doer um pouquinho mais.

Fica aqui, o meu carinho por essa grande mulher.