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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Era uma casa...

Sabia que precisava ir lá, mas as coisas estão bem diferentes. Mesmo assim, ela sentia uma certa obrigação, um compromisso, de fazer pelo menos uma visita. Respirou fundo e telefonou pra ver se tinha alguém em casa. Minutos depois estava lá.
Ela ia lá toda a semana. Sentia-se tão à vontade como se estivesse em casa e é lá que está boa parte das lembranças. Mas as coisas estão bem diferentes. Aquele lugar, que fora cenário de tanta diversão, agora parecia estranho. Apesar do tempo ter passado, tudo estava no mesmo lugar, como ela bem lembrava. Quando entrou na porta, aquele conforto e aconchego deram lugar para a estranheza. A intimidade das incansáveis conversas foram substituídas pelo silêncio, que era quebrado por algumas perguntas impessoais. E não era só isso. Ela tinha a sensação que a outra iria entrar pela porta a qualquer momento. Ia chegar com uma calça preta, um casaco laranja, o cabelo preso de qualquer jeito e usando chinelos e meias. Iria sentar, tomar um chimarrão, falar qualquer coisa e voltaria pra casa, porque precisava lavar a louça ou fazer uma sobremesa. No entanto, era só uma sensação, isso não ia acontecer.
A conversa foi tomando outros rumos, e por vezes teve vontade de chorar. Em outros, teve a certeza de que nada havia mudado, ou pelo menos, que tudo poderia voltar a ser como era antes. Mas isso, ah...isso só o tempo irá dizer.

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