terça-feira, 9 de abril de 2013
Relógio
Você olha o relógio e percebe que já deveria ter saído de casa. Sai apressada pensando que vai perder o ônibus. Desce as escadas. E parado na frente da porta, interrompendo a saída, está o teu vizinho do primeiro andar, com uns 55-60 anos, deficiente físico. Você cumprimenta e acha uma forma de passar. Ele pede ajuda. Você pensa no horário. Estava atrasada, lembra? Olha para ele, tão frágil, com suas muletas, tentando subir na cadeira de rodas motorizada. "Querida, pode me ajudar? Tira a capa da cadeira para mim?". Você ajuda e pergunta se ele precisa de mais alguma coisa. Esquece o atraso, os supostos problemas e pensa em como a vida nos prega peças. "Não precisa de mais nada, meu anjo. Já foi uma baita ajuda". Você se despede. Lembra do relógio e volta a correr. Perde o ônibus, mas isso já não importa mais.
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