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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Tia Nair

A senhora da janela. Eu não sei qual o seu nome, mas gosto de pensar nela como tia Nair. Há meses que eu tenho passado pela janela do quarto e ela está lá, deitada em uma cama hospitalar. Os cabelos brancos, as rugas no rosto e aquele olhar de quem tem muito a contar. Um olhar cansado, experiente e ao mesmo tempo esperançoso. Não sei se ela fica apenas na cama, ou se anda por aí. Sempre que passo e olho para dentro da janela ela me devolve o olhar. Ou melhor, sempre não. Há alguns dias ela não me olhou de volta. A cama estava vazia. "Foi dar uma volta", pensei. No outro dia a mesma coisa. E assim a imagem da cama vazia foi se repetindo. Não sei o que de fato aconteceu. Sei que não gosto de pensar que o olhar da tia Nair partiu.

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