segunda-feira, 20 de maio de 2013
Desisti
Pela milionésima vez, hoje, desisti de ti. Não vou mais insistir em algo que não existe. Não quero os restos do teu precioso tempo. Quero poder passar horas jogando conversa fora, falar bobagem e não sobre os aspectos político-sociológicos da humanidade. Já vi esse filme. Vi tu simplesmente, da noite para o dia, parar de falar com alguém. A história se repete? Não sei.
Pela milionésima vez, hoje, desisti de ti. Amanhã, pela milionésima vez vou esquecer que desisti.
domingo, 19 de maio de 2013
O porquê
Um dia vou entender o que aconteceu com nós três. O que fez com que nos aproximássemos tanto, com que nos amássemos tanto. Vou compreender o porquê de tanta familiaridade, apesar de todos os pesares. Um dia vou entender o porquê de toda aquela necessidade de expor nossos sentimentos para o mundo, o que inclui uma certa revista de circulação nacional. Procuro entender, também, de onde tirávamos tanto tempo para conversar sobre o nada, sobre bobagens ou sobre a sociedade hipócrita em que vivemos. Talvez um dia eu entenda a necessidade de estarmos perto um dos outros, mesmo esse perto sendo bem relativo. Mas tem algo que, talvez, eu já entenda: a falta de assunto de hoje, a falta de familiaridade, o distanciamento (que fisicamente sempre existiu), quiçá a indiferença. E quando chegamos aqui, meus amigos, corremos um sério risco. A indiferença. Ela destrói aquilo que existiu um dia. Se isso vai acontecer? Aí vai depender do ponto de vista do articulista, o qual vocês conhecem melhor do que eu.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Um perna de pau
Nunca vi ele jogando futebol. Mas já vi ele construindo suas pernas de pau e depois usando-as, nos seus bem vividos 75 anos. Não o conheci jovem, e sim correndo até o portão para me pegar no colo. Deixei de chupar bico em troca de uma boneca que ele me deu. Aprendi a jogar cartas, aprendi a me divertir, aprendi a tolerar. Tudo com ele. Vi ele no hospital, mais de uma vez e, depois, usando as pernas de pau. Vi ele carregando sua bolsa de viagem na rodoviária, embarcar no ônibus e ir para o sítio. Vi ele abatido, desanimado. Vi ele perder sangue, o estômago - todo o estômago. Vi ele perder muito peso. Agora eu vejo ele sentindo fome, e isso é tão bom. Vejo ele levantando de madrugada para comer. Vejo ele voltando a pegar a bolsa de viagem, embarcando no ônibus e retomando a vida. Aos 80 anos, depois de perder mais de 20 quilos, vejo ele voltando a viver.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Na geladeira
Lembranças são lembranças. Não precisam de lugar físico, como uma foto, para existirem. Mas hoje lembrei dela, ao ver uma foto no facebook. Lembrei dos poucos momentos que tivemos e do prazer de conhecê-la antes que ela partisse. Apesar de lembranças não precisarem de lugar, essa tem. E tá na minha geladeira. Ou melhor, na porta da minha geladeira. Toda vez que eu paro na frente e vejo aquela boneca de pano, com um vestido verde e cabelos vermelhos eu lembro dela. Da força e da sensibilidade. Lembro de um tempo que não deveria ter passado.
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