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sexta-feira, 5 de julho de 2013

O amigo da tia Nair

Nunca mais vi a tia Nair pela janela. Todo dia, quando passava pela casa, olhava pela mesma janela de antes, mas não a via. As duas camas sempre estavam vazias. 'Que bom', eu pensava. 'Sinal de que todos estão bem e com saúde'. Hoje, como em todos os outros dias olhei pela janela. Primeiro para a cama do fundo, onde costumava ficar a tia Nair e mais uma vez não vi ninguém. Depois, o olhar seguiu para a cama da janela, onde repousava um senhor de cabelos brancos com uma sonda no nariz. Não sei se ele e tia Nair se conheceram. Não sei há quanto tempo ele chegou na casa. Mas sei, mesmo sem conhecê-lo, que  o recorte de mundo que ele enxerga pela janela é maior do que o enxergado pela tia Nair. Compreendi, que nesse estágio da vida, tudo o que ele vê do mundo é delimitado pelo tamanho da janela a beira da sua cama.

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